segunda-feira, 20 de junho de 2011

Aos professores


 
A ausência de professores
Penso que todo trabalhador deve mostrar a sua insatisfação e vejo a greve como uma das formas dessas demonstrações, apesar de eu, a duras penas, ter aprendido que ela infelizmente não resolve mais nada, no caso dos professores. Estou achando um absurdo sem tamanho a perseguição do Sérgio Cabral aos bombeiros grevistas, assim como também fico boba quando vejo alguns profissionais reclamarem dos baixos salários, como se isso só acontecesse com eles! Sei que a situação está braba, e sei porque também a vivencio e não só porque acompanho as estatísticas, de longe.

Além dos baixíssimos salários, professor sofre com tantas pressões, cada vez maiores, e com novidades que a todo instante vão aparecendo e vão sendo jogadas e enfiadas goela abaixo, sem nenhuma explicação, e ai de quem não se adaptar correndo a elas! É perda de ponto, é não cumprimento de meta, é pagamento suspenso, é isso, é aquilo... Eu, sinceramente, estou de saco cheio de tudo isso e já decidi que, por mais que eu tenha boa vontade, e muitos colegas meus também, não vou ficar me matando para tentar fazer navegar uma canoa que já veio, por si só, com um rombo gigantesco e pronta para naufragar. Acompanhar o ritmo tem sido cada dia mais difícil, quase missão impossível, e por isso vejo tanta falta de professor nas escolas.

Antes de rotularem um professor ou outro de faltoso, deveriam conhecer melhor as maratonas de que ele participa diariamente para sobreviver e para pagar suas contas, tentando, ainda, preparar aulas atraentes e dinâmicas, e manter uma certa sanidade. Tenho visto muitos colegas adoecerem com tais pressões e com momentos de lazer roubados pela correria, pela falta de grana e pelo cansaço. Sinto-me, com tristeza, entrar para esse time.  Por isso tenho também me permitido faltar quando preciso. E não só quando meu filho adoece, quando minha mãe adoece, quando eu adoeço, mas quando sinto que isso está prestes a acontecer. O corpo dá sempre sinais e cansei de fingir que não noto. Hoje noto, atentíssima, e lamento que meus alunos fiquem sem aulas, de vez em quando, mas minha sanidade está em primeiro lugar. O tempo nos ensina a ter esse espírito de sobrevivência!
Andreia Dequinha

OBS: Encontrei esse texto num blog só não me lembro qual, mas acho que a autora era essa.

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