terça-feira, 20 de agosto de 2013


“O Rio Grande do Sul no imaginário social”



Luiza Coelho Quintana




          Canguçu-RS




1ª Prenda Juvenil do RS




          19.  FEGAES




    Cachoeira do Sul-RS 



Quando me vesti de prenda, com aquela flor no cabelo, fui correndo para o espelho só para ver o sucedido... Nem bem pude contemplar-me, tive logo a sensação que trazia o meu Rio Grande na armação do meu vestido.

        Eu vi em meu sapato         o mesmo da Cinderela;         e nas rendas a paisagem         dos campos da minha Terra;         o tom de rosa-laranja         reproduzia as auroras,         perfazendo longa viagem,         surgindo por trás da serra.

Nos meus cabelos compridos eu vi a forma de um rancho, coberto de santa-fé; nos meus olhos duas fontes carregadas de emoção, brilhando mais que as estrelas; percebi que eles seriam janelas pra o coração, mas que guardavam momentos de pura contemplação.

        Tudo o que vi, pelo espelho,         denominei de Querência;         era eu que renascia         na paisagem de mim mesma.         E o amor, que florescia,         nesse doce encantamento         de ser parte da cultura,         marcou tanto aquele dia.

Eu nunca mais fui a mesma, dentro deste meu vestido; trago a Querência na alma, um canto de cancioneiro que fala da minha Terra; e o coração sarandeando num grande Sarau de Prendas!

terça-feira, 7 de maio de 2013

Metáfora


METÁFORA

Para uns, a raiz é a parte invisível que permite à árvore crescer. Para mim, a raiz é a parte invisível que a impede de voar como pássaros. Na verdade, uma árvore é um pássaro falhado.
Afonso Cruz, Os livros que devoraram o meu pai
Quando diz que a raiz é um pássaro falhado, Afonso Cruz constrói uma metáfora. A palavra "metáfora" significa "transporte"; através dela há um transporte de conceitos, de ideias, de significados.  Aparentemente não há nada em comum entre uma árvore e um pássaro, mas a metáfora permite aproximar os dois conceitos, fundindo-os numa relação inusitada na qual a árvore passa a ser como um pássaro. Não como o pássaro literal, lógico, mas como algo que esteja na essência do ser pássaro: a liberdade, o desafio da altura, sua beleza aérea, um quê indefinido que só um pássaro possui.
A metáfora renova a linguagem, ao inaugurar uma nova expressão e, portanto, um novo olhar sobre as coisas. Elas passam a ser vistas a partir de uma organização linguística curiosa. Pelo menos, é isso que acontece nas metáforas literárias, já que existem as metáforas do dia a dia, já desgastadas pelo uso e, portanto, nem atraem nossa atenção.
Compilei aqui algumas metáforas literárias que me chamaram a atenção pela beleza ou por sua criatividade. Alguns estão na forma de prosopopeia, que é um tipo de metáfora na qual os seres inanimados, como animais ou elementos da natureza, agem e sentem como seres humanos.
1. OS CHINELOS FALIDOS ARRASTAM DESEJOS FRUSTRADOS. (Poetisa Arlete Nogueira, no livro “Litania da Velha”)
2. A VELHA MASTIGA A ESPERA. (Arlete Nogueira)
3. EU SOU GOTA DE MERCÚRIO DIVIDIDA, DESMANCHADA PELO CHÃO (Cecília Meireles)
4. A SOMBRA SEPULTAVA O SILÊNCIO. (Vinicius de Moraes)

5. A TARDE SE DEITAVA NOS MEUS OLHOS. (Mário de Andrade)

6.  AS  ESTRELAS SÃO VACAS
      QUE VAGAM E SE PERDEM
      NAS ENSEADAS DA NOITE   (José Sarney)

7. A FOGUEIRA DO TEU AMOR FAÇA-ME CINZA. (José Sarney)

8 EU CHORO LÁGRIMAS DURAS ( José Sarney)

9. EU, DE NOME JOSÉ, /RASGUEI OS OLHOS DA VIDA/ EM CINZA MANHÃDE ABRIL  
 (José Sarney)
10. DA MINHA CHAGA SANGRA UMA LÁGRIMA INFINITA. (BANDEIRA TRIBUZI)

11. MEU CORAÇÃO É A PONTA DE UM ICEBERG À DERIVA.   ( FRED SHNEITER)

12. FUI DE MIM DESPEJADO. (  FRED SCHNEITER)

13. MINHA TRISTEZA SÃO BALÕES COLORIDOS
       BRANCOS, AMARELOS, AZUIS E VERMELHOS.  ( FRED SHNEITER)

14. O SANGUE QUE CUSPO HOJE SOU EU COAGULADO. (FRED SHNEITER)

15.   TUDO PASSA
        E VAI AMARELANDO FOTOGRAFIAS NA ALMA DA GENTE ( FRED SHNEITER)           

16. VOCÊ ERA A TERRA ÚMIDA ONDE EU FLORESCIA. (FRED SHNEIDER)

17. NÃO QUERO SABER DE MAIS NADA,
        MEU CORAÇÃO ESTÁ PAULINHO DA VIOLA. ( FRED SHNEIDER)

18. O OUTONO TOCA REALEJO NO PÁTIO DA MINHA VIDA.  ( Mário Quintana)

19. TEUS SUSPIROS SÃO BARQUINHOS QUE ME LEVAM PARA LONGE...(Mário Quintana)

20. DESPETALEI UMA ESTRELA PARA VER SE ME QUERIAS... (Mário Quintana)

21. MANDEI PREGAR AS ESTRELAS PARA VELAREM O TEU SONO. (Mário Quintana)

22. O POEMA É UMA PEDRA NO ABISMO. (Mário Quintana)

23. NÃO SEI POR QUE, SORRI DE REPENDE/ E UM GOSTO DE ESTRELA ME VEIO À BOCA. (Mário Quintana)

24. A NOITE É UMA ENORME ESFINGE DE GRANITO NEGRO. (Mário Quintana)

25. A NOITE NEGRA, DEMORADAMENTE, APERTA O MUNDO ENTRE OS SEUS JOELHOS. (Mário Quintana)

26. TU VENS MONTADA NO CLARO TOURO DA AURORA. (Mário Quintana)

27. O SEU CORAÇÃO (DO POETA) É UMA PORTA BATENDO/A TODOS OS VENTOS DO UNIVERSO.
(Mário Quintana)

28. A CANÇÃO, A SIMPLES CANÇÃO, É UMA LUZ DENTRO DA NOITE. (Mário Quintana)

29. OS VIOLINOS ENDOIDECEM A MADRUGADA. (Agostina Akemi Sasaoka)

30. HÁ ESTRELAS ESTATELADAS EM MEUS OLHOS (Agostina Akemi Sasaoka)

31. A NOITE ESCORRIA ENTRE AS NUVENS  ( Agostina Akemi Sasaoka )

32. A BRISA – TOLA- ACARICIAVA OS CABELOS DAS ÁRVORES. ( Agostina Akemi Sasaoka )

33. UM RISO DE SOL ACENDEU A LUZ DO QUARTO. ( Agostina Akemi Sasaoka )

34. TEU OLHAR REVOLVE A POEIRA DO TEMPO. ( Agostina Akemi Sasaoka )

35.  NA RUÍNA DOS TEUS POROS DEIXEI MINHAS PEGADAS  (Agostina Akemi Sasaoka

36. SOU ESSE CORPO/ ESSE CÁLICE SEM VINHO (Agostina Akemi Sasaoka

37. A CIDADE EXALA SEU PERFUME DOENTIO  (Agostina Akemi Sasaoka)

38.  OS CEMITÉRIOS COSPEM SEUS FANTASMAS /QUE VÊM AO NOSSO ENCONTRO (Agostina Akemi Sasaoka )

39. OS PÉS BOCEJAM NO CORREDOR. (Agostina Akemi Sasaoka)

40. TODAS AS ESTRELAS ME ESCUTAM. (Agostina Akemi Sasaoka)

41. MEU SORRISO PERTURBA A ESCURIDÃO E ECOA PELO UNIVERSO(Agostina Akemi Sasaoka)

42. ALIMENTAR-ME-EI COM A HÓSTIA DO TEU NOME (Agostina Akemi Sasaoka)

43. AS PALAVRAS SÃO PEQUENOS LUGARES DA MEMÓRIA (Maria do Rosário Pedreira)

44. MEU PENSAMENTO É UM RIO SUBTERRÂNEO. (Fernando Pessoa)

45Lua é uma gata branca,
   mansa,
   que descansa entre as nuvens.
   O Sol é um leão sedento,
   mulambento,
   que ruge na minha rua.  (
poema Menina na janela de Sérgio Caparelli)

46. Mar, belo mar selvagem,
     Das nossas praias solitárias! Tigre
     A que as brisas da terra o sono embalam,
     A que o vento do largo eriça o pêlo!     ( Vicente de Carvalho)
47. Teus olhos são meus livros.
     Que livro há aí melhor,
     Em que melhor se leia
     A página do amor?
     Flores me são teus lábios.
     Onde há mais bela flor,
     Em que melhor se beba
     O bálsamo do amor?     ( poema Livro e flores, Machado de Assis)
48. A ponte
     é um rinoceronte
     com pés de cimento,
     peito de ferro
     e um ar de eternidade. (
ponte dos meninos de Maria Dinorah)
49. O HOMEM É UM CANIÇO PENSANTE. (Machado de Assis)
50.  A hora clara e o sol,
      ovo estrelado
      na frigideira do dia. ( Valdivino Braz)

51. E minhas mãos querendo alcançar os pássaros que voejam no claro espaço das manhãs meladas de sol. ( Valdivino Braz)

52. Meus versos são depósitos
     de cinzas,
     porque tudo em mim
     está cremado à espera do vento. ( Ubirajara Galli)

53. A língua
      é uma serpente sem pele e sem dentes. ( Alexandre Brito)

54. O poema é nudez precária,
      procela sem ventos, sem nuvens.  ( Alexandre Bonafim)

55. O poema é uma flor que não morre. (Ferreira Gullar)

CAÇA-PALAVRAS: AUMENTE SEU VOCABULÁRIO

A Revista Língua Portuguesa publicou uma matéria sobre "palavrões". Eu elaborei um caça-palavras com alguns desses palavrões para que se perceba a riqueza de nossa língua pátria.  
CAÇA-PALAVRAS: AUMENTE SEU VOCABULÁRIO



ENXACOCO: aquele que não fala bem uma língua estrangeira, inserindo palavras do próprio idioma numa frase em outra língua.
EPÍGONO: autor de obra sem inovações, que dilui ou copia outros autores.
ABEBELADO: quem nunca termina o que começa.
ACRÂNIO:  sem cérebro.
APEDEUTA: ignorante
PATEGO: pessoa simplória, simples.
SABERET: sabe-tudo, pretensioso.
URUMBEBA: otário.
DETRAQUÊ: amalucado.
ZURUÓ: biruta.
PRESBIOFRÊNICO: caduco que inventa histórias sem fundamento.
ÍMPROBO: desonesto.
SOMÍTICO: avarento, sovina.
VALDEVINO: oportunista que vive à custa dos outros.
SICOFANTA: delator, difamador.
JANICÉFALO:  pessoa de duas caras, pouco confiável.
ANCÍPITE: que tem duas caras, falso.
ESTEATOPÍGICO: cidadão que tem o traseiro grande.
OZOSTÔMICO:  pessoa com mau hálito crônico.
GRAVEOLENTO: fedorento.
ACATALÉPTICO: sujeito burro.
CABRIÃO: um chato em alto grau.
SÚCUBO: dominado, subalterno.




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